24 junho 2006

Nó na garganta


Esqueci como era antes.
Antes não era assim.
Eu estava lá, tu também, porém, esqueci.

Não sei quando descobri, mas sei que não te esqueço,
Preso ao meu presente, também tu tens um preço.

Desejo caro e ambicioso, para alguém tão fraco como eu.
Estás comigo, nunca apareces, mas não deixas de ser meu.

Sinto-te mais, apertas forte, como um nó na garganta
És diferente, excitante, mas isso não me espanta.

Agora vejo o teu lado, simplesmente és assim.
Verdadeiro e orgulhoso,
Um dia virás a mim.

19 junho 2006

Desequilíbrio


Mais um dia.
Mais um dia de instabilidade camuflado na estabilidade do tempo.

Os olhos estão postos em mim, como sempre estiveram e sempre estarão. Olhos de quem olha esperando uma tentativa de fuga.
Hoje sinto-me prisioneiro dos meus medos, e todos os que me rodeiam são os meus carcereiros.

O desequilíbrio é maior, a instabilidade cresce e o tempo não pára.

Preciso de falar, ninguém dá por nada.
A afirmação está para breve.
O tempo não pára.
A fuga aproxima-se.
O plano está traçado.
Vou ser feliz.
Tenho medo.

14 junho 2006

Irritado ou...

Irritado.
Medianamente irritado.
Medianamente é como dizer: irritado o suficiente para escrever sobre isso mesmo, a minha irritação.

Conversas parvas, conversas em que as palavras ficam muito longe dos pensamentos e das vontades.

Mais uma vez o problema é meu.

Problemas irritam.

A irritação provoca mudança.

A mudança incomoda.

A mudança causa incerteza.

A incerteza provoca irritação.

Definitivamente, estou irritado.

Conversas irritantes. Venham mais.

(Estou parvo!!!)

12 junho 2006

Gostei


Gostei do passeio por Lisboa. Gostei de subir e descer a cidade na tua companhia. Gostei até quando caí naquelas escadas. A marca no joelho ainda lá está. Gostei. Faz-me lembrar que aconteceu, contigo.
Gostei do café que bebemos e da tua mão a tocar-me acidentalmente na perna.
Gostei do franzir dos teus olhos aos rigores do Sol. Da tua pele morena, do teu jeito ligeiro, do teu sorriso franco, das tuas palavras desafiadoras.

Só não gostei do teu silêncio no regresso. Esse silêncio ansioso, que não se justifica, mas que não se consegue evitar. Logo comigo, logo comigo esse silêncio, eu que queria tanto falar.
Em que pensavas? Em quem? Em quê? Tenho ciúmes, sim.
Pensarias em mim?
Eu penso tanto em ti.
Sim, amo-te.
Somos amigos.
E depois?

Um salto, separa-me de ti. Separa-me do viver, do sentir, do amar.
Um salto.
Um salto que mesmo antes de o ser já o é.
Um salto.
Um salto para onde estou e de onde nunca quero partir.
Um salto.
Um salto separa-me de mim.

O hábito...

...faz o monge.

A "rotina" mata uns, atormenta outros, a mim... bem... não sei bem o que me faz.

Hoje sinto-me totalmente rendido à "rotina".

Pareço não querer tolerar o descanso merecido, nem o sossego do meu quarto, a TV sedativa ou conforto da minha cama.

Hoje que me sinto impregnado pelo espírito da determinação, só me apetece manda-lo para o sítio de onde veio, e mais uma vez, voltar a entregar-me às facilidades dos fumos, dos cafés, dos risos leves, dos amigos sempre dispostos a serem amigos.

Lá vem a consciência!

Que se foda a consciência, já não vou mesmo sair.